27.4.07

MACBA

No domingo estive aqui, aproveitando a entrada gratuita nos museus da cidade - como forma de celebrar o Sant Jordi.

Uma hora e meia não chegou para ver todo o museu - não consegui ver até ao fim esta exposição e nem os olhos passei nesta -, mas gostei do que por lá vi.

Bastante da colecção permanente, apesar de algumas propostas me darem uma certa comichão - confesso que me irrito com a impertinência de algns artistas contemporâneos que fazem as obras como se dissessem "olhem que bom que eu sou!" - com particular destaque para Eugenia Balcells e as suas experiências multimédia ali presentes, que são, antes de mais, críticas ferozes à sociedade de consumo, ao poder dos media e às desiguldades sociais.

Ainda mais da exposição de fotografia de Manolo Languillo, "Barcelona, 1978-1997", uma retrospectiva do crescimento da cidade de Barcelona nos últimos anos. Languillo fotografa o lado obscuro e desconhecido de Barcelona, o cimento e o betão por baixo dos edifícios que tornam a cidade apetecível.

Realmente avassaladora é a experiência de Janet Cardiff, "The Forty-Part Motet (A Reworking of Spem in Alium by Thomas Tallis, 1573). A Capela MACBA invadida pelas vozes dos 35 membros de um coro, que saem de altifalantes "humanizados", dispostos na sala de forma estratégica. A voz de cada um dos membors funciona de forma independente, mas em conjunto a instalação ganha uma envolvência arrepiante. Um verdadeiro tatado sobre a música e a virtualidade, num espaço magnífico.

Da Arte

"As pessoas não sabem por que razão atribuem fama a uma obra de arte. Longe de serem connaisseurs, julgam descobrir nela uma centena de virtudes para justificar tal apreço; mas o verdadeiro motivo do seu aplauso é imponderável - é a simpatia".

Thoman Mann, "A Morte em Veneza"

Fundação Joan Miró

Ainda não falei aqui do museu que mais me marcou em Barcelona. A Fundação Joan Miró, situada em pleno parque de Montjüic - que é um dos meus locais preferidos da cidade - reúne um vasto espólio de obras do artista catalão, desde a pintura à escultura, passando pela cerêmica e pela tapeçaria (o melhor exemplo é a foto abaixo, uma tapeçaria criada propositadamente para a Fundação, em 1975).


O edifício é, por si só, uma grande obra - da autoria de Josep Lluis Sert. E o conjunto de trabalhos de Miró é vastíssimo, acompanhando a evolução do artista, desde as primeiras obras, às expriências mais arrojadas.

Fascinante o trípitico azul, numa gigantesca sala de cortar a frespiração e onde apetece perder todo o dia envolvido pelos traços agressivos do pintor - que como já tinha confessado é um dos meus favoritos. E El oro de Azur (foto à direita), uma das obras mais marcantes do autor.

Além da Fundação com o seu nome, a obra de Miró está ainda noutros lugares da cidade, como o Painel de Cerêmica do Aeroporto de El Prat e o Pavimento "Pla de l'Os" em plena Rambla.



22.4.07

Amor e Cultura

Barcelona celebra hoje uma das suas mais belas festas. Os catalães devotam o dia 23 de Abril a S. Jorge, padroeiro do país. Segundo a lenda, o homem matou um dragão para salvar uma princseca.
Por isso é festa tem o seu cariz romântico tão vincado. É que, segundo a tradição, os homens devem oferecer às suas rosas às mulheres, como prova de Amor.
Porque o dia 23 também o dia do livro - assinala-se a morte de Cervantes -, a tradição passou a incorporar uma "recompensa" em forma de livro.
É por isso uma festa de Amor e cultura esta que a Catalunha vive tão intensamente - alguém precisa de mais alguma coisa na vida?

Amanhã vou para Barcelona viver o dia. Prometo voltar ao tema e deixar algumas fotos.

Saibam mais aqui.

Postcard from Italy

:)

19.4.07

Pensem nisto

Hoje, a minha professora de Jornalismo de Rádio e TV saiu-se com esta:

"Muitas das vezes os melhores jornalistas são os sociólogos".

E explicou que a maioria dos jornalistas ficam tão limitados ao fazerem quase toda a sua vida apenas notícias estritas que deixam de saber analisar a fundo a realidade. "Conseguem tirar boas fotografias, mas são incapazes de penetrar o que está à sua volta", disse.

17.4.07

O que me faz falta II

As mãos no voltante.

11.4.07

Pablo

Há dois meses em Barcelona, e só agora fui ao museu Picasso.

Aproveitando o saudável hábito espanhol de franquear as portas de boa parte dos seus museus no primeiro domingo de cada mês, e em boa companhia, enfrentei o sono de um domingo de manhã, uma fila de meia hora e as paranóias de segurança e entrei no museu, que fica numa das ruas mais apaixonantes da zona velha de Barcelona, o carrer de Montacada.


O museu agrupa as obras da infância e da juventude do mais famoso pintor mundial, criadas em Málaga, Corunha e Barcelona, assim como boa parte dos quadros pintados durante o seu percurso académico, em Madrid, a sua veia da ceramista e de cartoonista - bem picante, sublinhe-se - e a explosão artística das fases azuis e rosa.

E claro também há por lá algumas das suas primeiras obras cubistas e a fabulosa sequência de "As meninas" (foto acima) só ao alcance de um génio com uma formação tão sólida como Picasso. O homem pegou na obra homónima de Velásquez e dêsconstruindo-a num jeito só seu... Excelente!

Não sendo o meu pintor preferido - prefiro os camaradas catalães, Miró e Dali, entre os artistas do XX - Picasso é inegavelmente um nome grande. Por isso, o museu é uma fantástica oportunidade de estar perto de obras saídas da mão de um génio. E de perceber o seu percurso criativo. E de guardar argumentos quando ouvir dizer que o "gajo não sabia pintar e eu também fazia aquelas borradas".

- "Então olha para "Ciência e Caridade" (foto à esquerda) e passa cá mais logo!"

10.4.07

O hino

É arrepiante ouvi-lo nas bancadas de Camp Nou. Em catalão pois claro, mas um hino a sério - olhem para aqui a inspirem-se, senhores do Vitória...


"Tot el camp,
es un clam,

Som la gent blaugrana,
tan se val d'on venim,
si del sud o del nord,
ara estem d'acord, estem d'acord;
una bandera ens agermana,

Blaugrana al vent,
un crit valent,
tenim un nom, el sap tothom,

BARÇA! BARÇA! BAAAARÇA!

Jugadors,
seguidors,

Tots units fem força,
son molts anys plens d'afanys,
son molts gols que hem cridat,
i s'ha demostrat, s'ha demostrat,
que mai ningú ens podrà torcer,

Blaugrana al vent,
un crit valent,
tenim un nom, el sap tothom,

BARÇA! BARÇA! BAAAARÇA!"


06/04/07 - Galerias do Viaduto dos Namorados, Park Güel, Barcelona

Vendetta!

Algumas dass dúvidas que referia aqui - e outras... - encontram eco neste grande filme. Revi-o no último domingo - curiosamente tinha-o visto no cinema no dia de Páscoa do ano passado - e senti aquele desconforto das perguntas incómodas.

V for Vendetta não teve grande sucesso - o que se compreende, dado o ambiente revolucionário e contestatário da pelicula. Mas a mim encheu-me as medidas. Excelente argumento e guião. Visualmente resulta muito bem. E lança perguntas que nos deviam inquietar: E se o Estado for o verdadeiro terrorista? E se a nossa existência estiver marcada por uma grande mentira de que poucos se dão conta?
Estes são temas caros aos "manos" Wachowski, que já nos tinham dado o excelente Matrix - o original, porque as sequelas são más como pão espanhol. E neste filme são explorados de uma forma brutal, numa apologia da violência justiceira que há anos anda arredada dos discurso socialmente aceite - "ai e tal que o revolucionários são uma cambada de terroristas!".

Além disso, V de Vendetta tem Natalie Portman - que também entra em Closer, outro filme marcante para mim. Com o cabelito rapado, que tão bem lhe fica...


05/04/07 - Finca Güel, Pedralbes, Barcelona

Visca el Barça!


31/03/07 - Camp Nou, Barcelona

Barça 2 -1 Depor. Dois grandes golos. Tiki Taka no seu estado mais puro. 75 mil pessoas. E eu entre elas. Inesquecível!