13.3.07

A doer…

Depois de mais uma alteração do plano de estudos, motivada por uma mudança no horário de uma disciplina, finalmente começa a minha primeira semana completa de aulas. Ontem tive a primeira aula de uma das novas “assinaturas” – o termo espanhol equivalente ao nosso “cadeira” –, Gestão de Comunicação em Empresas Públicas e Privadas. O professor está de baixa por obrigação médica, uma vez que um problema respiratório e muscular o impede de falar durante muito tempo e permanecer em pé. Mas, depois de ter faltado na passada semana, o homem deu a aula de ontem, mesmo de baixa e com visíveis dificuldades em movimentar-se, “para não perder o contacto com os alunos”.

A aula foi, por este motivo, light. O ponto de partida para a discussão – em torno dos princípios básicos de gestão – foi uma reportagem televisiva (em catalão) sobre um empresa que não conseguiu resistir à crise económica de meados da década de 90 em Espanha.

Dobrada, a peça podia passar perfeitamente numa televisão de Portugal, hoje. Os mesmos problemas nas empresas, as mesmas dificuldades na vida das pessoas, as mesmas queixas em relação ao Estado. E duas frases, de dois jovens operários desempregados, que me soaram parecido a algo que li, há dias, numa coluna de opinião de um reputado opinion maker nacional:

“Eu não vejo a crise. Vejo que quem tem dinheiro continua a tê-lo. Mas todos os dias ouvimos a comunicação social dizer-nos que estamos em crise, que estamos em dificuldades…”, dizia a mulher. O homem respondia: “No ano das Olimpíadas tudo estava bem, e agora parece que vivemos noutro país”.

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